Por agência de notícias da indústria
No entanto, com menos navios e rotas, indústria nacional enfrenta forte alta nos preços do frete. Em uma década, 12 empresas deixaram de operar no país, o que tornou o mercado mais concentrado nos portos
As exportações brasileiras em contêineres cresceram significativamente ao longo da última década: o volume de contêineres embarcados subiu a uma taxa anual de 4% entre 2010 e 2019. Em 2019, 40,4 milhões de toneladas de mercadorias em contêineres deixaram o Brasil em direção a mercados internacionais - 48% maior do que o em 2010 e próxima ao que deve ser registrado em 2020.
No mesmo período, o PIB real cresceu apenas 6%. Os dados fazem parte de levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com base em informações da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
A alta tem relação com a crescente conteinerização de cargas da agroindústria e de produtos de menor valor agregado, como carnes refrigeradas, madeira, papel e celulose, café, açúcares, algodão, grãos, dentre outros.
Por outro ldo, as importações de contêineres trouxeram majoritariamente produtos manufaturados, como plásticos e suas obras, produtos químicos, máquinas e equipamentos e eletrônicos.

O aumento do volume de exportações em contêineres revelou uma crescente concentração dos fluxos comerciais em determinados portos, rotas, escalas e empresas de navegação que operam no país.
Atualmente, seis terminais portuários respondem por 81% dos embarques de contêineres: Santos (cuja participação passou de 42% para 36% durante a última década), Paranaguá (PR), Navegantes (SC), Rio Grande (RS), Itapoá (SC) e Dp World Santos (com parcelas entre 8% e 12%). São Paulo, Rio de Janeiro e os três estados do Sul respondem por 90% do volume exportado.
A ampliação dessa concentração é reflexo do processo global de fusões e alianças entre as empresas de navegação de contêineres, também em curso no Brasil, com consequências adversas às empresas exportadoras.
Além da redução na concorrência nas rotas marítimas, os serviços se tornaram menos frequentes, a rede de portos de origem e de destino da carga ao longo das rotas encolheu e, consequentemente, diminuíram as possibilidades de conexões porto a porto.
Em uma década, 12 empresas de navegação deixaram de operar no Brasil
O número de transportadores de contêineres operando nas rotas de longo curso nos portos brasileiros caiu de 26, em 2010, para 14, em 2019. Hoje, o mercado é formado por oito das nove maiores transportadores do mundo e seis empresas de menor porte.
A quantidade de serviços semanais operados pelo conjunto de armadores também apresentou queda significativa: de 109, pico registrado em 2008 antes da crise global, para 66, em 2019. A redução se concentrou entre os oito grandes armadores, que respondem por 55 dos serviços atualmente ofertados.
Além disso, o período também registrou a verticalização das operações, na qual a mesma empresa opera o porto e os navios. Atualmente, 19% dos contêineres embarcados estão concentrados em dois terminais privados associados a grandes armadores ― o de Navegantes (SC), sob controle total da MSC, e o de Itapoá (SC), no qual a Maersk detém 30% do capital.

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